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Rumo ao Caminho do Céu (foto: Ana Rita) |
Mais uma vez na Serra da Canastra.
Porém, desta vez, não fomos em busca de cachoeiras. Fizemos um passeio que só dá para encarar com um carro 4x4 ou com uma moto de trilha.
Nosso objetivo foi passar pelo chamado Caminho do Céu e, depois, subir a temida Serra Branca. E pela primeira vez nosso Suzuki Jimny foi realmente posto à prova.
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Saindo de Passos, nossa saga propriamente dita atravessando a Serra da Canastra começou em São João Batista do Glória, onde trafegamos pelo primeiro trecho de estrada de terra. Na verdade, brita, porque provavelmente o governo está preparando o solo para asfaltar a BR-464 até Delfinópolis.
Para acessar o Caminho do Céu, passamos por dois vilarejos depois de São João Batista do Glória. O primeiro, a Babilônia. O segundo, Olhos d’Água da Canastra. Os dois são distritos pertencentes ao município de Delfinópolis. Logo na saída de Olhos d’Água, pegamos uma estrada de terra, mais estreita, à direita e seguimos rumo ao Caminho do Céu.
O trajeto passa por áreas preservadas, fazendas e entradas para cachoeiras. Pouco a pouco, a cada vez que se sobe mais, vai ficando mais bonito. Inclusive, é possível avisar algumas cachoeiras. Mas toda essa beleza tem um custo. Há muitos trechos íngremes, com pedras irregulares, que desafiam o carro e o motorista. Sem falar que, nessa época de chuvas, há também bastante lama e alguns pontos de atoleiros.
Felizmente, encontramos algumas pessoas experientes indo ao mesmo destino e que nos ajudaram a atravessar os atoleiros.
Todo esse martírio para chegar não foi em vão. Além do trajeto do Caminho do Céu ser bonito, a vista do mirante é impressionante. De lá é possível contemplar uma cadeia de serras e morros que formam um pedacinho da região da Canastra.
Descobrimos que, devido ao horário, dificilmente conseguiríamos atravessar a Serra Branca no mesmo dia. Por isso, depois do mirante do Caminho do Céu, seguimos para uma pousada a uns 15km dali, sendo guiados por um casal com uma Pajero que conhecemos no percurso e que iria para a mesma hospedagem.
Mas antes de chegar na pousada, tentei passar no meio de uma poça funda e atolei o carro. Por sorte, rapidamente o Jimny foi puxado pela Pajero que acompanhávamos.
A pousava ficava no Vale da Babilônia e também entregava uma vista sem igual. Havia uma cachoeira próxima, de águas cristalinas, mas que não conseguimos ir em razão do tempo chuvoso.
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O segundo dia nos reservava mais aventuras e fortes emoções. Para chegar a São Roque pelo caminho mais curto e finalmente ir para casa, tínhamos que atravessar a tal da Serra Branca. Depois de pegar várias recomendações, lá fomos nós. Desta vez, sozinhos.
Depois de vencer a primeira de centenas de subidas pedregosas, Ana Rita atolou o carro no lamaçal. Em poucos minutos, ela própria desatolou e seguimos viagem. Em algum momento ela usou a expressão de que tinha a sensação de estar subindo uma cachoeira seca. Não há descrição melhor do que essa para se referir à Serra Branca. São pedras e mais pedras. Sem dúvidas, muito mais desafiadora do que o Caminho do Céu, embora o trecho seja mais curto. Terreno extremamente íngreme. Em uma ou outra ocasião, desci do carro para ver se era possível subir. Não era. Mesmo assim, subimos e eu fiquei na dúvida se havia comprado um carro ou um cabrito de montanha.
A vista do mirante da Serra Branca também é bonita. Não mais do que a do Caminho do Céu.
No entanto, mais à frente do mirante da Serra Branca, temos uma dimensão panorâmica ainda maior do conjunto de chapadões que forma a Serra da Canastra e por onde vão nascendo e despencando cachoeiras imensas, como a Casca d’Anta. Não demora para avistarmos a chapada pela qual a Canastra ganhou esse nome por ter formato de uma caixa.
No alto do mirante do Morro do Carvão, é possível ver outra cachoeira destrinchando as rochas da Serra da Canastra. Lá também havia uma pousada e uma capela, onde estava acontecendo uma folia de reis. Nada mais mineiro do que isso!
Depois de toda essa aventura para subir a Serra, a descida foi tranquila e logo chegamos ao distrito de São José do Barreiro, onde almoçamos. De lá seguimos, ainda por terra, até Vargem Bonita. Depois asfalto até São Roque de Minas.
Mas ainda teve emoção depois do fim, onde menos esperávamos. Pegamos os 40km de estrada de terra de São Roque para Bambuí e encontramos muita lama, atoleiros, pontes estreitas e trechos extremamente escorregadios.
De Bambuí seguimos para Patos de Minas na tranquilidade do asfalto, levando histórias para contar e alguns quilos de lama no carro.
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Todas as rotas que utilizamos pelo Wikiloc estarão na descrição do vídeo abaixo. Até a próxima aventura!